A Noruega produz não só bons autores contemporâneos, mas também é a pátria de um grande escritor de peças teatrais, Henrik Ibsen.
Ibsen foi o maior dramaturgo norueguês
do século XIX, é considerado por muitos como o dramaturgo mais
importante depois de Shakespeare.
Henrik Johan Ibsen nasceu em 1828 em
Skien, uma pequena cidade portuária na época, vindo de uma família
tradicional. Durante o fim da sua infância, seu pai perdeu boa parte do
dinheiro da família, o que os impôs uma vida mais humilde e vários
problemas familiares.
Ele começa a escrever por volta dos 15
anos, mas é depois dos 21 que termina sua primeira peça, Catilina, uma
tragédia desenvolvida no estilo “blankvers”, mas a assina sob o
pseudônimo de Brynjolf Bjarme.
Em 1850, Ibsen mudou-se para a capital
Christiania (atualmente Oslo), onde pela primeira vez uma peça sua foi
encenada, Kjæmpehøjen (Túmulo de Gigantes), que, porém, não recebeu
muita atenção.
Escrevendo sátiras e poesias Ibsen
consegue algum prestígio, e em poucos anos é designado como diretor de
cena de um pequeno teatro em Bergen, o “Det Norske Theater”. Começa
assim a carreira polivalente do dramaturgo no mundo teatral, agindo como
autor, diretor e produtor. De Bergen ele volta para Christiania,
casa-se, obtem certo reconhecimento no meio, mas leva uma vida difícil e
com problemas financeiros. A reviravolta na sua carreira se dá quando
em 1864 ele resolve deixar a Noruega e parte primeiro para a Itália e em
seguida para Alemanha.
Ibsen passa ao todo 27 anos no exterior, e é durante esse período que ele escreveu suas mais famosas peças teatrais.
Com Brand – 1866, um drama cheio de
simbolismo sobre um padre que seguia seus princípios elevados, o
escritor recebe aclamação da crítica e sucesso financeiro. No ano
seguinte ele lança o que viria a ser sua mais renomada peça, Peer Gynt.
Os anos seguintes são considerados sua
Era de Ouro, produzindo inúmeros dramas questionadores e instigantes
sobre a sociedade européia, e principalmente a sociedade norueguesa.
Levantando discussões e críticas sobre a realidade da época, temas como
os papéis conjugais aceitos por homens e mulheres, moralidade e
promiscuidade, conservadorismo e liberalismo são abordados em suas
obras, que contam com personagem densos e mulheres ativas.
São de Ibsen as peças Kejser og Galilæer
– 1873 (Imperador e Galileu), Et dukkehjem – 1879 (Casa de Bonecas), En
folkefiende – 1882 (Um Inimigo do Povo), Vildanden – 1884 (Um Pato
Selvagem), Hedda Gabler – 1890, Lille Eyolf – 1984 (O Pequeno Eyolf),
entre outras.
Além de seu lado contestador e
provocativo, Ibsen revolucionou a forma do teatro, e não só seu
conteúdo, foi ele que inaugurou o teatro realista, passando a ser
considerado por muitos como o pai do teatro moderno.
A volta a Noruega coincide com uma volta
de Ibsen à produção de dramas mais introspectivos. Reconhecido
mundialmente, e com uma boa situação financeira, o escritor passa poder
conviver com o círculo da alta sociedade de seu país.
O dramaturgo faleceu em 1906, deixando
viúva a sua esposa Suzannah Ibsen, e foi sepultado com honras de Estado
no cemitério Vår Frelsers.
No centenário de sua morte, 2006, foi
comemorado o “Ano Ibsen”, e Oslo (antiga Christiania) recebeu três
legados em homenagem ao escritor.
O Museu Ibsen está instalado na antiga
casa de Ibsen, onde ele passou os seus últimos 11 anos de vida. A casa
foi restaurada e conta com duas áreas, em uma é recriada parte da
residência do casal, com móveis e decorações originais, resgatados e
restaurados. E, em outra parte fica a exposição sobre a vida e obra do
autor.
O Peer Gynt Parken é um parque onde se é possível acompanhar cena a cena
a história de Peer Gynt através de suas esculturas, feitas por diversos
artistas.
A terceira homenagem é a demarcação da rota que Ibsen fez todos os dias,
por um tempo, de sua casa até o Gran Café, ambos no coração da cidade,
onde ele comia e lia seus jornais favoritos. As calçadas desse trajeto
ganharam inscrições, em letras de aço inoxidável, formando 69 citações
do autor. Um belo legado.
Ha det bra!!
* Esse texto foi publicado originalmente em 12/05/2013 na Coluna Correspondentes Internacionais do site Sobre Livros.
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