Extraordinariamente a segunda mini resenha/discussão sobre um dos "Contos de Asimov" deste mês está sendo postada no domingo. Para saber mais sobre essa série de post é só clicar aqui.
"Robot AL-76 Goes Astray", de Isaac Asimov foi originalmente publicado na edição de fevereiro de 1942 em Amazing Stories. Esse texto inicia a série de 6 contos do tema "Some Metallic Robots".
Na introdução Asimov comenta que apesar de tradicionalmente pensarmos que robôs são sempre metálicos, existe entretanto um legendário robô, the Golem, criado por Rabbi Low of Prague ainda na idade média, que era criado a partir de barro (mera coincidência?).
Aviso que neste texto comento vários pontos da história, revelando vários spoilers apesar de não descrever o final do conto propriamente dito. Então se você não quer ter muita noção do que se trata a história deixe pra ler esse post depois de ter lido o conto.
Contrariando a tendência estabelecida pelo início dessa coleção, este conto é até longo, com suas 16 páginas. A história gira em torno das implicações causadas pelo extravio de um robô, AL-76, durante seu transporte a partir da fábrica. Nesse conto o uso de robôs não é legalizado na Terra, suas aplicações ficam resumidas a operações na Lua. Portanto, todos os parâmetros e informações inseridas nos cérebros positrônicos são relativas a paisagem e realidade lunares.
"AL-76 was confused! In fact, confusion was the only impression his delicate positronic brain retained. It had started when he found himself in these strange surroundings. (...) There was green underfoot, and brown shafts rose all about him and more green on top. And the sky was blue where it should have been black. (...)"
Perdido em algum lugar dos EUA, AL-76 move-se continuamente em busca de alguém que lhe explique por que o mundo está tão diferente, e onde se encontra o seu "Disinto" designado, pois ele quer começar logo o seu trabalho e a cada minuto que passa ele fica cada vez mais atrás de sua cota de produção.
Aqui já vemos uma postura interessante para um robô: a "vontade" de trabalhar e seguir com seu cronograma, e o "medo" de ser repreendido por ter atrasado sua produção. Por mais que isso esteja "implantado" na sua programação, os diálogos onde ele transmite essas informações assemelham-se muito a forma como um humano expressaria suas angústias para com um patrão muito rígido.
Os humanos comuns reagem com medo a presença de um robô solto na Terra, fugindo e/ou ameaçando a integridade de AL-76, que continua buscando um marco que reconheça até encontrar Randolph Payne, um cara normal, que conserta eletrônicos com mal funcionamento numa barraca isolada na floresta perto da cidade onde mora. Após superar a reação inicial de medo ao robô, Sr. Payne tem a brilhante idéia de entrar em contato com os fabricantes do robô e pedir uma recompensa por ter achado-o. Os dois problemas iniciais são, convencer o AL-76 de que ele deve ficar com Payne por um tempo, e convencer os responsáveis que ele realmente está com o robô perdido.
A partir daí que a história fica bem interessante. As muitas informações e experiências diferentes que bombardeiam AL-76 acabam afetando sua forma de "pensar" e ele acaba tendo a ideia de que para que ele possa ficar no entorno da cabana de Payne basta que ele construa seu próprio "Disinto", usando somente as sucatas e peças descoordenadas queo humano possui em sua oficina. Isto implica que o robô valeu-se de uma lógica diferente da que estava programado para seguir, e concomitantemente ele aprimora o projeto do "Disinto", passando a construí-lo de sucata e alegando que o mesmo será uma versão aprimorada.
Na mesma linha de tempo a reação humana entra em jogo e por uma pobre coincidência um terceiro ator chega nas proximidades da cabana de Payne e vê uma cena inocente mas que pela absurdidade de sua ocorrência é transformada numa cena chocante, violenta e que requer a ação imediata da força policial da cidade.
O espetáculo está armado e o resultado final é algo que nenhuma testemunha consegue descrever exatamente o que aconteceu. Finalmente recuperado pelos seus fabricantes, AL-76 tão pouco tem recordação do que houve, o que deixa seus donos com duas certezas: algum humano o ordenou que ele esquecesse de tudo, e ninguém nunca saberá como era o projeto do "Disinto" construído pelo robô, que só pelo resultado de sua ativação e avaliação dos escombros em que ele ficou após ter sido destruído por AL-76, dá para notar-se que era muito mais eficiente do que qualquer um que os humanos já tenham feito.
No fim, vemos pela primeira vez neste volume a aplicação direta da Segunda Lei da Robótica, e como quando confrontados com parâmetros e situações diferentes um cérebro positrônico pode produzir resultados tão inesperados quanto impressionantes.
Segunda Lei da Robótica: Um robô deve obedecer as ordens dadas por um humano exceto quando tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
Ha det bra!!
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