quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Leituras do mês - novembro/14

    Olá!

    Em novembro apesar de eu não ter aparecido muito por aqui eu li bastante coisa legal. Foram seis livros e uma graphic novel.



    Continuando minha leitura da saga completa da Fundação, mês passado eu li Forward Foundation. Gostei bastante, esse volume cobre um tempo grande na vida de Seldon e tem bastante teoria e política. Seguindo com a saga O Vampiro-Rei eu completei A Bruxa Tereza, essa série do André Vianco é muito boa, e vou tentar terminá-la agora em dezembro.
    Para participar de um desafio eu li The Lies of Locke Lamora, e apesar de ter começado meio devagar, Lynch consegue criar personagens poderosos e uma trama de intriga instigante. E, na área de não ficção eu terminei de ler a "biografia" da Marvel, Marvel Comics - the Untold Story, tem muitos detalhes da trajetória da companhia e da criação de seus personagens e também dos conflitos e disputas internas. Achei bem interessante.



    No lado doce e romântico das minhas leituras eu li o volume 1 de Fairest, Wide Awake. Não achei a primeira história tão legal mas o traço e cores dela é lindo demais; e gostei bastante da segunda história que traz um tão mais sombrio e esquema de cores meio sépia. 
    His Absolute Arrangement é um livro super curtinho que deixa um gancho para a sua continuação. Não foi lá grandes leituras, mas me distraiu as poucas horas que levei para terminá-lo. Contrastado P.S. Eu Te Amo é lindo! Muitos detalhes, pequenos e não tão pequenos assim, são diferentes entre o livro e o filme, mas a essência da história é a mesma. Gostei bastante.

    E, o mês de vocês, como foi?

    Ha det bra!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

En bok på norsk: Flukten fra Utpost 4

    Hi alle!

    A coluna En bok på norsk de hoje traz mais um livro infanto-juvenil. Este é para os leitores novatos e tem uma ambientação de ficção científica. :)



Título: Flukten fra Utpost 4
Série: Kampen om Mars - livro 1
 Autor: Tore Aurstad
Editora: Cappelen Damm 
Formato da edição: hardcover
Qde páginas: 51


Sinopse:

"O ano é 117 depois da primeira aterrissagem em Marte. Os colonizadores emanciparam-se da Terra, mas o governo no planeta está um caos. Existem vários postos avançados (utpost) que estão revoltando-se contra seus líderes.
A mãe de Daniel é pressa, mas primeiro ela passa para ele um chip contendo informações importantes. Agora o menino deve arrumar um jeito de entregar isto ao governo em Marsepolis. Junto com seu amigo Rikard ele deve fugir de Utpost 4 e encontrar uma forma de chegar a capital. Porém os guardiões dos postos avançados estão no encalço deles."


Minhas impressões:

    O pano de fundo dessa história é uma ideia bem bacana. As colônias terráqueas de Marte declararam independência da Terra, mas agora lutam para sobreviver. O principal problema que eles enfrentam é a escassez de alimento. Os poucos postos avançados que funcionam como uma espécie de fazenda/criadouro aparentemente não dão conta de produzir e distribuir comida para todos.
    Junto a isso, tem-se em movimento uma disputa de poder no planeta, e o controle da produção, estoque e distribuição dos alimentos tem um papel chave nesse jogo.

    Nosso personagem principal é o pequeno Daniel, que mora e trabalha com a mãe no posto avançado (Utpost 4) até a mesma ser acusada de sabotagem e ser levada presa. Momentos antes de ser capturada a mãe do menino passa para ele um chip pedindo-lhe para que ele o guarde em segurança e o leve para a metrópole Marsepolis se algo acontecesse a ela.
    Agora sozinho, Daniel é realocado para trabalhar no desagradável setor que cuida da limpeza dos peixes. Lá ele conhece Rikard, um menino mais velho do que ele que teve o pai acusado de ser um agitador e que foi consequentemente morto. Conversando os dois concordam em escapar juntos do local e irem para a Marsepolis denunciar o que acontece em Utpost 4.

    O livro é voltado para as crianças que estão começando a ler sozinhas, então possui frases curtas e não tão complexas, e o desenvolvimento da história é mais voltado para os desafios pelos quais os meninos passam para fugir do que na trama política propriamente dita. Levando então em consideração o que acho que foi o objetivo do autor ao escrever essa série, a achei bem boa.
    Daniel é esperto e corajoso, mas me convenceu como um personagem infantil, ele tem as inseguranças e falta de experiência compatíveis com a sua faixa etária, mas ao mesmo tempo seu raciocínio e força de vontade o faz continuar.
    A trama política apesar de não ser o foco da história é explicada suficientemente bem e respeita a inteligência dos pequenos leitores, mostrando-lhes situações plausíveis e nem um pouco artificiais ou infantilizadas.

    Eu só tive dois problemas com o texto. O principal foi que o personagem Rikard a partir do meio da história serviu basicamente de figuração, o que achei desnecessário, acho que ele deveria ter interagido mais com Daniel na reta final do livro. Com isso o desenvolvimento dele como personagem ficou comprometido.
    E, o livro literalmente para no meio da história. A impressão que tive foi que o autor escreveu toda a história e a dividiu em três livros curtos. Mais do que terminar num cliffhanger fiquei com a impressão de que não se foi pensando num final para este livro, e sim simplesmente parou-se a narrativa num ponto meio que limítrofe entre dois tons da história.

O livro tem umas ilustrações bem bacanas


    Apesar desses dois revezes a história me pegou e fiquei com vontade de pegar os próximos dois livrinhos.



    Minha Avaliação: 3,5 estrelas


    Ha det bra!!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Um pedacinho de Oslo... Sognsvann outonal

    Hallo!!

    Este ano o outono por aqui chegou intenso e mudou completamente o visual da cidade em poucas semanas. Muitas folhas já estão pelo chão e várias árvores já perdem suas últimas folhas. No entanto, o espetáculo de cores ainda pode ser apreciado.



    As fotos de hoje foram tiradas na área do entorno do lago Sognsvann. Uma região muito frequentada pelos moradores da cidade tanto no verão quanto nas demais estações do ano. Nessa época a água deixa de ser a atração principal e as pessoas aproveitam suas trilhas e caminhos para caminhadas, passeios e corridas, ou seus bancos e mesas espalhados pela área para sentar, apreciar a paisagem e deixar o tempo passar.






    Sem dúvida a área oferece um belo contato com a natureza a apenas alguns minutos de uma estação do metrô.






    Para chegar lá basta pegar a linha 6 do metrô e saltar na última estação, Sognsvann. Dali é só seguir em frente e logo você reconhecerá um caminho que passa por um estacionamento e chega na área do parque que rodeia o lago. Agora é só aproveitar para absorver tanta beleza.




    Ha det bra!!

domingo, 2 de novembro de 2014

Leituras do mês - outubro/14

    Olá!!

    Neste outubro o outono trouxe muitas chuvas e céu encoberto, os dias bonitos tiveram que ser devidamente aproveitados do lado de fora. Entre uma coisa e outra minhas leituras foram mais calmas esse mês, li bastante, mas sem pressão.

    Fiz releitura, li dois livros em norueguês, terminei um não ficção que tinha começado a vários meses atrás, e ainda devorei num fim de semana a leitura para o meu primeiro encontro com um dos clube do livro da biblioteca. 




    Fora dois outros livros que estão com leituras em andamento.

    Domingo passado saiu minha resenha sobre Mikkel & Tønnes, e na terça as minhas impressões depois de reler o quarto livro de Harry Potter.

    Novembro chegou e minha lista de próximas leituras conta com vários livros que prometem ser interessantes.

    Ha det bra!!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Contos de Asimov #11: "Segregationist"

    Olá!

    Sexta passada eu não consegui postar a coluna "Contos de Asimov", mas essa semana ela está de volta.
    Para saber mais sobre essa série de post é só clicar aqui.




    "Segregationist", de Isaac Asimov é um conto de ficção científica que foi originalmente publicado na edição de dezembro de 1967 da revista Abbottempo.



     Aviso que neste texto comento alguns pontos principais da história, revelando com isso mais coisas do que faria numa resenha comum, apesar de que não descrevo o final do conto propriamente dito. Então se você não quer ter muita noção do que se trata a história deixe pra ler esse post depois de ter lido o conto.




     Segregationist é um conto curto que basicamente segue a preparação de uma cirurgia, vemos o cirurgião responsável conversando com o med-eng antes e depois de questionar seu paciente sobre qual a opção de material este quer que seja usado para substituir seu coração.

    A tecnologia é tal que a medicina utiliza com sucesso tanto próteses cardíacas metálicas quanto próteses de uma fibra similar a proteína originária de um material polimérico, imitando com grande sucesso as características do coração humano. O que intriga o médico é o fato de que a maioria esmagadora dos pacientes submetidos a esse tipo de transplante prefere utilizar a prótese metálica, e o cirurgião acredita que isto deva-se a vontade humana de ter parte da força e resistência atribuída aos Metallos.

    Nesta linha do tempo os Metallos (o que pela curta descrição parecem ser robôs) são reconhecidos como cidadãos. E a sutil tendência que parece estar surgindo é que humanos estão passando a adotar "peças" metálicas e que os Metallos estão começando a requisitar substituições de parte existentes por opções de material mais humano. O que segundo o med-eng seria um passo na evolução e criação de uma raça que poderia usufruir das melhores características dos dois mundos, robótico e humano.
    Sentimento não compartilhado pelo médico, que num discurso tendendo ao segregacionista afirma que cada indivíduo deveria se orgulhar de como é e deveria tentar buscar substituições, quando e se necessárias, o mais parecidas possíveis com a sua estrutura.


    Confesso que até o último parágrafo não tinha me passado pela cabeça o que o autor revelou. 


    Ha det bra!!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Li: Harry Potter and the Goblet of Fire

    Olá!!

    Seguindo com a minha releitura de Harry Potter, hoje vim dividir um pouco o que achei do quarto livro da série.



Título: Harry Potter and the Goblet of Fire 
Série: Harry Potter - book 4
Autora: J. K. Rowling 
Editora: Arthur A. Levine Books 
Formato: hardcover 
Qde páginas: 734
Desafios: Seriously Series Reading Challenge 2014 (series reread)


Minhas singelas impressões:

    Este livro é grande, muito grande. E, apesar de até achar que algumas partes não são totalmente essenciais para a história como um todo, cada página e detalhe enriquecem demais o mundo e a experiência de leitura.

    Os 14 anos de Harry não começam tão mal, apesar de os Dursleys estarem de dieta, o menino ganha vários bolos de seus amigos, e sua temporada na casa dos tios é encurtada devido a Copa Mundial de Quidditch. E, é gostoso acompanhar o final de verão e de férias que Harry passa na companhia dos Weasleys e da Herminone. Gosto muito da Sra. Weasley e do aconchego da Toca.

    Os eventos da Copa Mundial de Quidditch são uma amostra da grandiosidade de fatos que acontecem nesse livro. Temos vários personagens novos e algumas tramas paralelas sendo desenvolvidas, como a sociedade de ajuda aos direitos dos elfos que Hermione funda, ou a indicação de que os gêmeos Weasley estão levando suas brincadeiras mais a sério.

    As descrições tanto da partida de Quidditch entre a Bulgária e a Escócia quanto das provas do Campeonato Tribruxo são super vívidas e fascinantes. E sim, o campeonato que reúne as escolas Hogwarts, Beauxbatons and Durmstrang no fim atinge seu objetivo principal, pelo ponto de vista de Dumbledore, o de aproximar os jovens bruxos e mostrá-los que independentemente das diferenças de língua e costumes, o que importa é a compatibilidade de ideais.  

    E num livro tão grande, que cobre mais do que um ano letivo e dois grandes eventos internacionais, muita coisa acontece, tanta que dessa vez nem vou tentar me atrever a discorrer sobre elas.
 
As ilustrações da Mary Grandpré são uma graça

     O que vou dizer é que apesar deste não ser o meu livro favorito da série (algo na cadência de algumas partes da história não me arrebataram tanto quanto nos livros anteriores) ele contem várias cenas épicas, muitos momentos memoráveis e grandes acontecimentos, tanto bons quanto sinistros. Amizades são feitas, balançadas e ou estreitadas. Feitiços e habilidades são desenvolvidos. Tem ação, tem mistério, tem romance, tem várias criaturas fantásticas, personagens queridos e temidos, e tem muito de Hogwarts.
   
    Harry Potter and the Goblet of Fire é um bom livro, é uma boa adição a série, e com certeza na minha opinião é o livro que marca o início da jornada de Harry contra Voldemort.


    Minha Avaliação: 4 livros


    Ha det bra!!

domingo, 26 de outubro de 2014

En bok på norsk: Oslo Brenner

    Olá pessoal!

    Depois de meses só falando inglês, meu norueguês está mais do que enferrujado, então voltei a tentar ler também livros infanto-juvenis. O bom disso é que a coluna En bok på norsk ganha mais um texto. :)



Título: Oslo Brenner
Série: Mikkel & Tønnes - livro 1
 Autor: Vigdis Bjørkøy
Editora: Front Forlag 
Formato da edição: hardcover
Qde páginas: 102


Sinopse:

Oslo Brenner (Oslo Incendiada) é o primeiro livro das aventuras de Mikkel e Tønnes, é neles que entre a fumaça e as labaredas do grande incêndio de 1624 que atingiu a cidade de Oslo os meninos se conhecem e se unem para primeiro levarem a mãe e irmã de Mikkel para um lugar seguro, e depois para encontrar o pai de Tønnes. E passando por dificuldades os dois vão aprendendo a confiar um no outro.


Minhas impressões:


    A autora deste livro utilizou o grande incêndio de 1624, que destruiu a cidade de Oslo, como pano de fundo de sua história. Na noite do incidente, Mikkel está na rua realizando um entrega para seu patrão e acaba tendo que além da entrega preocupar-se com a segurança de sua mãe e irmãzinha. Procurando uma rota sem fogo para alcançar a cabana onde sua família mora ele tem um encontro inesperado com Tønnes. O segundo menino está desorientado por causa do fogo e da fumaça e não consegue encontrar um caminho para ou voltar pra casa ou encontrar seu pai. É então que a boa índole de Mikkel não o deixa abandonar o menino perdido pela cidade. A partir e então os meninos acabam se tornando amigos e ajudando um ao outro.

    O texto é gostoso e passa bem a complicada situação que era ter um incêndio nas antigas cidades, construídas basicamente com madeira e sem grandes espaços entre casas e ruas.
    No fim do livro tem-se ao final um curto texto explicando esse fato histórico que desencadeou a mudança da cidade de local e de nome. Nasceria depois Christiania

    Acho q a mistura ação, mistério e história vai conquistar os pequenos leitores.



    Minha Avaliação: 4 estrelas


    Ha det bra!!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Contos de Asimov #10: "Light Verse"

    Olá!

    Hoje é dia da resenha/discussão do décimo texto dos "Contos de Asimov". Vamos lá?
    Para saber mais sobre essa série de post é só clicar aqui.




    "Light Verse", de Isaac Asimov é um conto de ficção científica que foi originalmente publicado na edição de setembro/outubro de 1973 da revista The Saturday Evening Post.



     Aviso que neste texto comento alguns pontos principais da história, revelando com isso mais coisas do que faria numa resenha comum, apesar de que não descrevo o final do conto propriamente dito. Então se você não quer ter muita noção do que se trata a história deixe pra ler esse post depois de ter lido o conto.




     Light Verse já começa questionando como é possível que Mrs. Avis Lardner seja uma assassina. E passa a nos contar sucintamente como esta viúva gentil e amável adquiriu sua fortuna, como suas coleções de arte tão valiosas não possuem sistemas de segurança mirabolantes, que ela é benigna e filantrópica,  liberando até mesmo suas criações de esculturas de luz para serem utilizadas por museus e admiradores sem cobrar nada por isso.
    Mrs. Lardner é de uma natureza tão gentil que considera seus robôs indivíduos únicos, não suportando a ideia de levá-los para ajuste mesmo quando alguma função de seus cérebros positrônicos não tem a performance esperada pelos fabricantes. Para ela fazer um robô passar por um concerto é uma afronta a sua individualidade e personalidade.

"Nothing that is intelligent as a robot can ever be but a machine. I treat them as people."

    Cada "excentricidade" de seus robôs é considerada parte de sua personalidade, e todos eles, até os que não funcionam bem, para os padrões da sociedade, são cuidados e providos com tarefas que possam desempenhar. Ela sempre os trata com indiscutível cortesia.

    No decorrer do texto somos apresentados a vítima - John Semper Travis. Um brilhante engenheiro, capaz de trabalhar muito bem com a complicada matemática dos cérebros positrônicos, mas que por sua natureza introvertida e gentil não possui muita vida social. Sua pacata vida tem tornado-se triste pois o mesmo não consegue produzir as belas e expressivas esculturas de luz através de sua teoria matemática, a qual ele desenvolveu, acredita que está certa, mas que não consegue por em prática. 

    É tentando entender como Mrs. Lardner consegue criar esculturas de luz tão artísticas que os dois personagens se conhecem. E é a discordância de opinião sobre o direito dos robôs serem como eles são, reconhecendo-lhes a individualidade que leva ao assassinato.

    Particularmente achei o assassinato forçado, mas concordo que com ele a opinião de Mrs. Lardner ganha muito mais impacto. E ao descobrir os detalhes que lhe enfureceram o autor toca no ponto onde um cérebro positrônico é muito mais do que uma máquina, que lhe é possível realizar muito mais do que seus criadores imaginaram. 


    Este é mais um texto bacana em que Asimov nos faz questionar a "coisificação" dos robôs. 


    Ha det bra!!

domingo, 12 de outubro de 2014

Resenha: Prelude to Foundation

    God Morgen! Bom dia!

    Como contei na segunda passada, comecei a ler/reler a série da Fundação, de Isaac Asimov. E hoje vim contar o que achei do primeiro livro.

    Vamos as minhas impressões de Prelude to Foundation?!




Série: Fundação - prequel 1
 Autor: Isaac Asimov
Editora: Bantam Spectra Books 
Formato da edição: paperback
Qde páginas: 434

  Desafios: Seriously Series Reading Challenge 2014 (series started in 2014)
2014 Science Fiction Reading Challenge 


Sinopse:

"O ano é 12.020 G.E. e o imperador Cleon I senta preocupado no trono Imperial em Trantor. A capital do império Galáctico abriga 40 bilhões de pessoas, uma civilização que possui tecnologias inimagináveis e uma cultura por demais complexa. Contudo, Cleon sabe que existem os que o querem ver cair - aqueles que ele destruiria se ele pudesse ler o futuro.
Hari Seldon vai a Trantor para apresentar seu trabalho sobre a Psico-história, sua incrível teoria sobre a predição do futuro. Pouco sabe este jovem matemático do Mundo Exterior o quanto ele já selou o seu próprio destino e o destino da humanidade. Pois Hari possui o poder profético que o torna o homem mais desejado do Império... o homem que possui a chave para o futuro - um poder apocalíptico que será para sempre conhecido como Fundação."


Enredo:

    O enredo deste livro pode ser resumido em uma jornada pela qual nosso personagem principal, Hari Seldon, embarca inadvertidamente ao apresentar suas pesquisas matemáticas sobre o que ele chama de psico-história, uma ferramenta matemática que se usada com os parâmetros e leis corretas poderia produzir como resultado uma análise estatística dos possíveis resultados que atitudes e ações de hoje possam ter no futuro da humanidade. Algo como predizer matematicamente as possibilidades do futuro.
    Como Hari mesmo coloca logo ao ser questionado se ele pode prever o futuro, o que ele conseguiu fazer foi provar que a psico-história é matematicamente possível, mas daí a ser prática e utilizável é bem diferente. O problema é que essa interpretação precipitada de que a psico-história é uma forma de prever o futuro, torna Hari um homem desejado por várias forças políticas.
    O atual imperador, Cleon I, o quer para produzir uma profecia que mantenha sua linhagem no poder por muitos anos, seus adversários políticos desejam uma profecia contrária a essa, e a figura do primeiro ministro do império está disposto a inutilizar essa ciência, ao custo que tiver, se ela não servir ao imperador.

"But they (people) believe in such things. Therefore, it doesn't matter whether the forecast of the future is true or not. If a mathematician should predict a long and happy reign for me, a time of peace and prosperity for the Empire - Eh, would that not be well?." - pág. 5 

    Com medo de ser controlado pelo imperador, mesmo que a distância, Hari parte em busca de um lugar seguro para poder pesquisar melhor e deduzir se a psico-história tem chances de ser uma ferramenta prática.
    Ajudado e incentivado por Hummin, Hari tenta se esquivar nas garras do império ao mesmo tempo que busca por informações que vão se mostrando antigas e difíceis de se conseguir.

"Hari Seldon remained uncomfortably silent for a while after Hummin's quiet statement. He shrank within himself in sudden recognition of his own deficiencies.
He had invented a new science: psychohistory. He had extended the laws of probability in a very subtle manner to take into account new complexities and uncertainties and had ended up with elegant equations in innumerable unknowns. - Possibly an infinite number; he couldn't tell.
But it was a mathematical game and nothing more.
He had psychohistory - or at least the basis of psychohistory - but only as a mathematical curiosity. Where was the historical knowledge that could perhaps give some meaning to the empty equations?
He had none (...)." - pág. 49


Minhas impressões:

    Tenho que começar contando que eu não comecei essa leitura com olhos imparciais. Os três livros originais de Fundação foram uns dos primeiros livros de ficção científica que li a muitos anos atrás, e ao longo do tempo Asimov veio consolidando-se como o meu autor preferido. Eu gosto muito dos textos dele, sua prosa pode não se igualar a de grandes romancistas, no entanto suas ideias e personagens instigam minha mente, tanto no aspecto da fantasia, quanto da lógica.
    Não posso então dizer o que um leitor novato aos textos de Asimov acharia deste livro, se ele entenderia e apreciaria os detalhes e informações que ele apresenta sobre o passado de um personagem e de uma ciência tão importantes para os livros subsequentes da série. Creio que não recomendaria Prelude to Foundation como a primeira leitura desse autor, mas acredito que este livro possui qualidades suficiente para deixar o leitor curioso com o restante da obra desse mestre da ficção científica.
    Com isso esclarecido posso tentar descrever um pouco do que achei do livro.

    Mais do que ficção científica, esse livro tem um quê de thriller, e essa mistura o torna bem interessante. Na tentativa de ficar livre das garras do império enquanto trabalha mais em sua teoria da psico-história, Hari Seldon acaba virando um "fugitivo". Ele não é perseguido oficialmente, mas a semente da dúvida de se ele está mesmo seguro foi plantada em sua mente e isso acaba influenciando algumas de suas decisões. Só que mais do que a insegurança, sua mente clama por saciar sua curiosidade - será que existe algum jeito dele adquirir conhecimento suficiente para poder tornar prática sua nova teoria? E a curiosidade é algo que logra seu detentor, sua recompensa final pode ser incrível, mas ela tem a tendência me colocar o curioso em posições de risco.

    Assim, ao acompanharmos Hari nessa jornada, buscando por segurança e informações nem sempre facilmente disponíveis vamos conhecendo o mundo e a sociedade de Trantor, segmentada e tão cheia de particularidades. Como em As Cavernas de Aço, a tecnologia futurística aqui não é a atração principal, mas sim permeia toda a estrutura da sociedade e vamos tendo vislumbre, maiores ou menores, de vários artefatos, descobertas e aplicações dignas de um bom livro de ficção científica.

"(...) I told you this is not your ordinary airjet. The wings are thoroughly computerized. They change their length, width, curvature, and overall shape to match the speed of the jet, the speed and direction of the wind, the temperature, and half a dozen other variables. (...)." - pág. 161

    Hari vai evoluindo de sagaz matemático e ingênuo cidadão para um perspicaz observador e entusiasta de história. No caminho ele conta com a ajuda de alguns bons personagens, como a leal Dors Venabili, o misterioso e cheio de recursos Chetter Hummin e o esperto Raych,  e encontra rapidamente com outros. É interessante notar que Asimov dá a praticamente todos os seus personagens um papel importante a ser desempenhado na história. Por menor que esse papel seja todos tem uma função. 

    Com uma escrita fluente, personagens bons e importantes, conjecturas sobre tecnologias avançadas, tiradas inteligentes e um ritmo de narrativa gostosa, não precisei usar meu lado super fã para ficar totalmente envolvida com a história. Prelude to Foundation é com certeza uma boa adição e um bom prelúdio para a série Fundação.

"Davan, listening intently, said, 'I'm aware of that. We all are. Perhaps we can learn from the past and know better what to avoid. Besides, the tyranny that now exists is actual. That which may exist in the future is merely potential. If we are always to draw back from change with the thought that the change may be worse, then there is no hope at all of ever escaping injustice." - pág. 342


    Minha Avaliação: 4,5 livros


    Ha det bra!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Contos de Asimov #09: "Stranger in Paradise"

    Hallo!

    A resenha/discussão de hoje é sobre um dos "Contos de Asimov" que tem material para ter inspirado muitos autores e histórias deste sua publicação original.
    Para saber mais sobre essa série de post é só clicar aqui.




    "Stranger in Paradise", de Isaac Asimov é um conto de ficção científica que foi originalmente escrito no verão de 1973 e rejeitado por duas publicações até ser incorporado a edição de maio/junho de 1974 da revista If.



     Aviso que neste texto comento alguns pontos principais da história, revelando com isso mais coisas do que faria numa resenha comum, apesar de que não descrevo o final do conto propriamente dito. Então se você não quer ter muita noção do que se trata a história deixe pra ler esse post depois de ter lido o conto.




     Com suas 34 páginas Stranger in Paradise é dividido em 10 partes, que para mim funcionaram como capítulos, e enquanto relata a tentativa dos humanos em enviar um robô adequado para exploração de Mercúrio, aborda um tema totalmente diferente, o estigma e excentricidade de se ter crianças geradas pelo mesmo pai e mãe. 

    Pouco mais de meio milênio se passaram desde a grande Catástrofe, evento que mudou muitas coisas na sociedade humana, sendo a eliminação de família a que mais me chamou a atenção. Pela narrativa da história e pelas lembranças dos nossos dois personagens principais, Anthony e William, descobrimos que no mundo atual cada adulto possui uma cota de filhos que ele pode gerar, e que o senso comum leva a que o mesmo casal não gere mais de uma criança. Full blood brothers (na falta de uma expressão adequada - completamente irmãos por sangue) são vistos como resultado da excentricidade dos pais, aliado a raridade da situação, tornando Anthony e William sujeitos a reação de estranhamento e desconforto das outras pessoas e de si mesmos.
    Não se explica o que ocorreu de tão grave para ser considerado como a Grande Catástrofe, a ponto de mudar tão profundamente uma civilização, contudo pelo tom do texto imagino que tenha sido algum tipo de calamidade/guerra/acidente/doença que tenha exterminado ou comprometido boa parte da população, pois as práticas de reprodução detonam a preocupação em promover a variedade genética e em eliminar indivíduos e características genéticas fracas.
    As crianças são criadas e educadas em creches, podendo ser visitadas por seus progenitores, mas sendo monitoradas e educadas por este tipo instituição (o que me lembrou Admirável Mundo Novo). Essa estrutura me parece ser necessária a este mundo por dois motivos.  
    Primeiro que facilita a quebra da família como instituição, auxiliando na perda da necessidade de um casal manter-se unido num comum esforço pela criação de sua prole, logo as ideias de não se ter um(a) parceiro(a) permanente e de portanto produzir cada herdeiro com pessoas diferentes torna-se mais lógica e aceitável a longo prazo. 
    Segundo que se a criação das novas gerações passa a ser um trabalho do governo, este passa a ter mais controle e jurisdição sobre a vida e destino desses seres. Também facilitando a inclusão da política de se "desfazer" de indivíduos que apresentem traços/características desinteressantes a sociedade. A falta de vínculo familiar ajuda, na minha opinião, a desumanizar essas crianças na mente dos adultos, elas só se tornariam seres relevantes para a sociedade após passarem pelo tempo necessário nas creches.

    Agora, saindo da análise sociológica da história e indo pra técnica encontramos informações relevantes que nos informam que no cenário desse texto os robôs não são tão avançados como nas clássicas histórias do autor. Aqui o cérebro positrônico não passa de uma teoria que ainda não foi conseguida por em prática. Apesar da conquista da parte exterior do nosso Sistema Solar, os computadores não possuem um avançado poder de processamento e é a necessidade de um computador que suporte comandar um robô a extrema distância e com condições de contato complicadas que os dois irmãos até então meio que desconhecidos acabam se reunindo e vindo a trabalhar juntos.

    Anthony é um cientista trabalhando na área de telemetria para o projeto Mercúrio e acaba sugerindo que para o desenvolvimento do projeto possa avançar faz-se necessário a ajuda de alguém com profundos conhecimentos do cérebro humano. Alguém que os ajudasse a desenvolver e programa um computador para que este agisse e tivesse uma capacidade de processamento parecido com a humana. Só assim, o controle do robô exploratório em Mercúrio poderia ter alguma chance de sucesso.
    O que Anthony não esperava (ou será que algo no fundo da sua mente não fosse a influência que o fez sugerir a solução acima?) era que o "homologist" (algo como um geneticista) escolhido para o projeto fosse ser o seu esquecido irmão mais velho. E, o pior, William e ele são extremamente parecidos fisicamente.
    A partir desse encontro o foco da tensão social acaba sendo trocada, aos poucos, pelo desafio tecnológico que precisa ser conquistado, e algumas soluções e técnicas são bem bacanas, a maioria pode até ser considerada simples para as mentes de hoje, mas suas ideias são atrativas para o problema enfrentado.

    No entanto, o que realmente me chamou a atenção nesse conto foi a parte de construção da sociedade vigente, e como para ela a sobrevivência de uma espécie forte e capaz se sobrepunha fortemente ao indivíduo. Os "geneticamente fracos" passam a ser alvos do descarte, ou do interesse nem sempre indolor de pesquisadores.

    Gostei muito desse texto. Com certeza ele me colocou no modo de reflexão. 
    Se você já o leu me conta o que achou.


    Ha det bra!!