Hoje a minha mini resenha/discussão será sobre o terceiro texto dos "Contos de Asimov". Para saber mais sobre essa série de post é só clicar aqui.
"Someday", de Isaac Asimov foi originalmente publicado na edição de agosto de 1956 da revista Infinity Science Fiction.
Tentarei não dar grandes spoilers, mas já aviso que pequenos detalhes podem me escapar. Então se você não quer ter muita noção do que se trata a história deixe pra ler esse post depois de ter lido o conto.
O que
mais me chamou a atenção neste conto, tirando o final, foi a forma
como as pessoas vivem nesse futuro, espero que distante. A impressão
é de que a humanidade levou a evolução da tecnologia chegar a um
ponto onde a intervenção das pessoas não é mais necessária em
praticamente tudo.
Na
conversa entre dois garotos vislumbramos uma era onde a
especialização é tamanha que a habilidade humana afunilou-se a
controlar painéis, enquanto o grosso do gerenciamento da população,
geração de alimentos e produtos, e produção de bens é um serviço
desenvolvido por computadores. E, ao contrário do que muitas
histórias abordam, os humanos não parecem nem um pouco incomodados
com essa situação. Afinal, como é que vivíamos antes dos
computadores? Como sabíamos qual era a forma mais eficiente ou
eficaz para resolver um problema?
Impressionou-me a escrita e a leitura foram totalmente abandonadas,
viraram coisa de museu que pouquíssimos ainda conseguem decifrar. O
conhecimento é gravado em fitas magnéticas, e seu conteúdo é
simplesmente narrado. Num trecho o personagem de Niccolo fica
maravilhado com a possibilidade dessas histórias narradas poderem ser
visualizadas numa tela.
Sério
mesmo, que futuro é esse onde não existem livros escritos ou filmes
e séries????
O
enredo é desenvolvido na conversa entre Niccolo e Paul e a interação
dos dois com o robô Bard. A descrição física de Bard é limitada,
mas sua função é a de contador de histórias. Através de um
extenso vocabulário e regras de estruturas de enredo, Bard consegue
criar inúmeras histórias, todas diferentes mas ao mesmo tempo todas
muito parecidas.
Bard
é um modelo muito antigo, que ainda conta histórias sobre
príncipes, desafios, reis e princesas, onde os bons meninos sempre
vencem os maus. E é por ser antigo e ter um conteúdo desatualizado
que Bard é destratado e menosprezado pelos dois garotos, só que a
família de nenhum deles pode ainda arcar com um modelo novo.
É no
final da cena que Bard faz algo inusitado para um robô, sozinho, sem
ninguém para lhe inferiorizar ele tem a doce certeza de que no final
os computadores não são assim tão inferiores aos humanos.
Novamente, como nos outros dois contos da categoria Robôs
Não-humanos, nesse conto de 12 páginas o tratamento que é dado a esses robôs é uma peça
importante na história. Eles não são humanos, porém eles também
não são simplesmente coisas inanimadas. Seus circuitos e
programação os elevam da categoria de coisa simples, e a forma como
tratamos as inteligências artificiais, por mais básica que sejam,
trás resultados inesperados pela humanidade.
Numa
era em que qualquer celular tem mais capacidade de processamento do
que os primeiros computadores, vale a pena começar a refletir sobre
a nossa influência nas coisas ao nosso redor. Já devíamos ter
feito isso com relação a natureza, espero que tenhamos tempo para
fazer isso com nossas criações.
Ha det bra!
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